segunda-feira, novembro 15, 2004

drummond

Nascer de Novo

Nascer: findou o sono das entranhas.

Surge o concreto,

a dor de formas repartidas.

Tão doce ra viver

sem alma, no regaço

do cofre maternal, sombrio e cálido.

Agora,

na revelação frontal do dia,

a consciência do limite,

o nervo exposto dos problemas.



Sondamos, inquirimos

sem resposta:

Nada se ajusta, deste lado,

à placidez do outro?

É tudo guerra, dúvida

no exílio?

O incerto e suas lajes

criptográficas?

Viver é torturar-se, consumir-se

à míngua de qualquer razão de vida?

Eis que um segundo nascimento,

não adivinhado, sem anúncio,

resgata o sofrimento do primeiro,

e o tempo se redoura.

Amor, este o seu nome.

Amor, a descoberta

de sentido no absurdo de existir.

O real veste nova realidade,

a linguagem encontra seu motivo

até mesmo nos lances de silêncio



A explicação rompe as nuvens,

das águas, das mis vagas circunstâncias:

Não sou eu, sou o Outro

que em mim procurava seu destino.

Em outro alguém estou nascendo.

A minha festa,

o meu nascer poreja a cada instante

em cada gesto meu que se reduz

a ser retrato,

espelho,

semelhança

de gesto alheio aberto em rosa.


1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

" de tudo ficou um pouco/
do meu medo. do teu asco/ CDA

t.

18 de novembro de 2004 às 16:32  

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