sábado, novembro 13, 2004

anemona


Anêmona.
O turbilhão do dia se desfez e com ele se foram todas as palavras que me tiraram pra dançar, todas as que me deixaram na estrada. Quantas flores desabrocham num segundo? Resisto! Oscilação crepitante de fogueira. Todas as noites são iguais. No palco do meu dia desfilou a humanidade e seus esqueletos em andrtajos. Me condoí! Por eles? Por mim?...Quando a noite se abriu fecharam-se as cortinas, mas o espetáculo continuou, e o barulho não me deixou dormir...Que merda! Por que insisto em acreditar nas palavras? Preciso me tornar órfão delas... Ou sou órfão ou torno-me refém. Meu corpo invade só a escuridão e traz em si milhões escravos. A noite não me dissolveu como prometeram! Dissolveu os homens, o mundo, mas não a mim, nem ao mundo dentro de mim! Consciência imóvel, cinematografia perversa, febre latente. As vísceras de alguma sublime anatomia pulsam e se contorcem. Como anêmona? água-viva luminescente? Lanternas de carro?... Elas têm sede, sede de água salgada. Aquela língua me lambeu! Morri naqueles braços, naqueles seios suados! Misturei-me no suor do corpo que me sugou e me reteve em si... quente!... úmido! Uma voz doce ronda ainda em algum lugar...Quero um cigarro de canela vagabundo!Quem sabe uma bala de menta... uhm! Menta e chocolates! Deve ser bom ser chiclete, ser cruelmente massageada pele molar de alguém! Um dia vou morar na mucosa de alguém!
artur

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

hummm, menta e chocolate, mastigar antropofagicamente a bochecha de alguém ... provar o sabor de sangue e saliva ... estaria aí a consumação cruenta de um doce sacrifício? a quem, a que deus ou deusa? fruto esquisito, strange-fruit: BOCHECHA!

t.

17 de novembro de 2004 às 17:56  

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